Dermatologia Capilar

O couro cabeludo e os cabelos podem ser alvo de diversas queixas. É muito frequente que o motivo da consulta ao dermatologista seja por queda capilar além do volume habitual, alterações nos fios ou alterações de volume. Além disso, o couro cabeludo pode ser alvo de descamação, coceira, ardência, dentre outros acometimentos. Portanto, o mais indicado é consultar com o dermatologista para ter uma avaliação capilar minuciosa e, com isso, buscar a solução mais apropriada para o problema.

O que é?
Alopecia areata é uma doença inflamatória que provoca a queda de cabelo. Diversos fatores estão envolvidos no seu desenvolvimento, como a genética e a participação autoimune. Os fios começam a cair resultando mais frequentemente em falhas circulares sem pelos ou cabelos. A extensão dessa perda varia, sendo que, em alguns casos, poucas regiões são afetadas. Em outros, a perda de cabelo pode ser maior. Há casos raros de alopecia areata total, nos quais o paciente perde todo o cabelo da cabeça; ou alopecia areata universal, na qual caem os pelos de todo o corpo. A alopecia areata não é contagiosa. Fatores emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos podem desencadear ou agravar o quadro. A evolução da alopecia areata não é previsível. O cabelo sempre pode crescer novamente, mesmo que haja perda total. Isto ocorre porque a doença não destrói os folículos pilosos, apenas os mantêm inativos pela inflamação. Entretanto, novos surtos podem ocorrer. Cada caso é único. Estudos sugerem que cerca de 5% dos pacientes perdem todos os pelos do corpo.

Sintomas
A alopecia areata não possui nenhum outro sintoma além da perda brusca de cabelos, com áreas arredondadas, únicas ou múltiplas, sem demais alterações. A pele é lisa e brilhante e os pelos ao redor da placa saem facilmente se forem puxados. Os cabelos, quando renascem, podem ser brancos, adquirindo posteriormente sua coloração normal. A forma mais comum é uma placa única, arredondada, que ocorre geralmente no couro cabeludo e barba, conhecida popularmente como pelada. Outras doenças autoimunes podem acontecer em alguns pacientes, como vitiligo, problemas da tireoide e lúpus eritematoso, por exemplo. Portanto, muitas vezes se faz necessária a reavaliação de exames de sangue. O principal dano aos pacientes é mesmo o psicológico. A interferência na rotina diária nos casos mais extensos pode prejudicar a qualidade de vida.

Tratamentos
Diversos tratamentos estão disponíveis para a alopecia areata. Medicamentos tópicos como minoxidil, corticoides e antralina podem ser associados a tratamentos mais agressivos como sensibilizantes (difenciprona) ou metotrexate. Corticóides injetávies podem ser usados em áreas bem delimitadas do couro cabeludo ou do corpo. A opção deve ser realizada pelo dermatologista em conjunto com o paciente. Os tratamentos visam controlar a doença, reduzir as falhas e evitar que novas surjam. Eles estimulam o folículo a produzir cabelo novamente, e precisam continuar até que a doença desapareça. Atenção: Evitar a “automedicação”. Somente um médico dermatologista pode prescrever a opção mais adequada.

Prevenção
Não há formas de prevenir a doença uma vez que suas causas são desconhecidas, mas há algumas dicas para que a pessoa se sinta melhor:

Procurar se informar sobre a doença. Conhecer mais sobre o problema ajuda a compreender a evolução da doença e reduzir a ansiedade.
Usar maquiagem para minimizar a aparência da perda do cabelo.
Investir em perucas, chapéus e lenços para proteger a cabeça. Além de serem estilosos, deixam o visual mais moderno.
Reduzir o estresse: as crises agudas de queda podem se associar a períodos críticos de estresse, tais como problemas no trabalho ou na família, mortes, cirurgias, acidentes etc.
Embora a doença não seja clinicamente grave, pode afetar o estado emocional. Os grupos de apoio estão disponíveis para ajudar a lidar com possíveis efeitos psicológicos.

Fonte: https://www.sbd.org.br/dermatologia/cabelo/doencas-e-problemas/alopecia-areata/22/

O que é?
Alopecia androgenética, ou calvície, é uma forma de queda de cabelos geneticamente determinada. É relativamente frequente na população. Homens e mulheres podem ser acometidos pelo problema, que apesar de se iniciar na adolescência, só é aparente após algum tempo, por volta dos 40 ou 50 anos. Apesar do termo “andro” se referir ao hormônio masculino, na maioria das vezes os níveis hormonais se mostram normais nos exames de sangue. A doença se desenvolve desde a adolescência, quando o estímulo hormonal aparece e faz com que, em cada ciclo do cabelo, os fios venham progressivamente mais finos.

Sintomas
A queixa mais frequente na alopecia androgenética é a de afinamento dos fios. Os cabelos ficam ralos e, progressivamente, o couro cabeludo mais aberto. Nas mulheres, a região central é mais acometida, pode haver associação com irregularidade menstrual, acne, obesidade e aumento de pelos no corpo. Porém, em geral, são sintomas discretos. Nos homens, as áreas mais abertas são a coroa e a região frontal (entradas).

Tratamentos
Baseia-se em estimulantes do crescimento dos fios como o minoxidil e em bloqueadores hormonais. O objetivo do tratamento é estacionar o processo e recuperar parte da perda. Os bloqueadores hormonais são medicamentos via oral; nos homens, a finasterida é a mais usada. Nas mulheres, anticoncepcionais, espironolactona, ciproterona e a própria finasterida podem ser receitados. Nos casos mais extensos, um transplante capilar pode melhorar o aspecto estético.

Prevenção
Alopecia androgenética é uma doença genética, mas alguns fatores podem piorar o problema, como, por exemplo, a menopausa e o uso de suplementação de hormônios masculinos. Exames genéticos podem identificar os pacientes com maior risco de desenvolver a doença. Entretanto, não há como evitar totalmente o desenvolvimento da alopecia sem o tratamento adequado.

Fonte: https://www.sbd.org.br/dermatologia/cabelo/doencas-e-problemas/alopecia-androgenetica/25/

O que é?
A alopécia frontal fibrosante é uma forma de alopécia cicatricial progressiva e, frequentemente, irreversível, marcada por um infiltrado liquenóide na histologia.

Sintomas
A alopécia frontal fibrosante apresenta recesso simétrico das margens frontal e temporal de implantação dos cabelos. A perda bilateral dos pelos das sobrancelhas é um achado comum e pode ocorrer antes ou após a queda capilar.

Tratamento
Por seu caráter irreversível, o objetivo do tratamento deve ser o de evitar o progresso da doença. Todavia, o seu tratamento ainda é um desafio. Tratamentos que têm sido usados são corticosteroides tópicos, intralesionais e sistêmicos; retinoides tópicos; isotretinoína oral, minoxidil tópico; hidroxicloroquina e finasterida.

Fonte: Adaptado de Smidarle, Débora Nathália, Seidl, Mauren, & Silva, Roberta Castilhos da. (2010). Alopecia frontal fibrosante: relato de caso. Anais Brasileiros de Dermatologia, 85(6), 879-882.

 

O que é?

A alopecia por tração (AT) resulta do uso por anos de penteados e adornos capilares que produzem tração prolongada e repetitiva nos fios e provocam o seu encurtamento na borda frontotemporal de implantação dos cabelos.

Sintomas

Usualmente, as áreas de alopecia são simétricas ao longo da borda frontotemporal. A presença de pelos curtos dispersos ao longo da borda frontotemporal é um achado característico da AT denominado “sinal da franja” (fringe sign). Supõe-se que os cabelos ao longo das margens sejam mais curtos e, portanto, desprendam-se do rabo de cavalo apertado, dando o aspecto característico do sinal da franja.

O prognóstico é variável. Se o diagnóstico for precoce e o uso de penteados e práticas capilares que provoquem tração nos fios for interrompido logo na infância, o quadro pode ser reversível, geralmente com total recuperação e crescimento de novos pelos. Entretanto, se o diagnóstico for tardio, a inflamação perifolicular crônica pode levar à formação de tecido fibrótico cicatricial, e a alopecia pode tornar-se permanente.

Tratamento

Dessa forma, o tratamento dependerá do estágio da doença. Na infância, a principal medida é a prevenção, recomendando às pacientes e aos seus pais que evitem o uso de penteados apertados, que ofereçam muita tração aos fios e ao couro cabeludo.

Nos estágios precoces da AT, também é importante evitar o uso de produtos químicos e fontes térmicas para alisamento/relaxamento dos cabelos e evitar pentear excessivamente os pelos, porque a queda de cabelos ainda é reversível nesse estágio. A aplicação de corticoide intralesional pode ser útil para a redução da inflamação perifolicular em adultos com estágios precoces da AT. Antibióticos tópicos e orais também são descritos como opções terapêuticas nos casos de foliculite. Minoxidil a 2% ou a 5% é utilizado em alguns estudos para estimular a repilação.

Nos estágios avançados da AT, o tratamento cirúrgico deve ser considerado.

Fonte: Adaptado de Tanus A, Oliveira CC, Villarreal DJ, Sanchez FA, Dias MF. Black women’s hair: the main scalp dermatoses and aesthetic practices in women of African ethnicity. An Bras Dermatol. 2015 Jul-Aug;90(4):450-65.

O que é?

Dermatite seborreica é uma inflamação na pele que causa principalmente descamação e vermelhidão em algumas áreas da face, como sobrancelhas e cantos do nariz, couro cabeludo e orelhas. É uma doença de caráter crônico, com períodos de melhora e piora dos sintomas. A causa não é totalmente conhecida, e a inflamação pode ter origem genética ou ser desencadeada por agentes externos, como alergias, situações de fadiga ou estresse emocional, baixa temperatura, álcool, medicamentos e excesso de oleosidade. A presença do fungo Pityrosporum ovale também pode provocar a doença. Já a dermatite seborreica em recém-nascidos, conhecida como crosta láctea, é uma condição inofensiva e temporária, na qual aparecem cascas grossas amarelas ou marrons sobre o couro cabeludo da criança. Escamas semelhantes também podem ser encontradas nas pálpebras, nas orelhas, ao redor do nariz e na virilha. Tanto em adultos quanto em crianças. A doença não é contagiosa e não é causada por falta de higiene. Também não é uma alergia e tampouco perigosa.

Sintomas

De forma geral, os sintomas da dermatite seborreica são:

oleosidade na pele e no couro cabeludo;
escamas brancas que descamam – caspa;
escamas amareladas que são oleosas e ardem;
coceira, que pode piorar caso a área seja infectada pelo ato de “cutucar” a pele;
leve vermelhidão na área;
possível perda de cabelo.
Esta dermatite pode ocorrer em diversas áreas do corpo. Normalmente, se forma onde a pele é oleosa ou gordurosa, como couro cabeludo, sobrancelhas, pálpebras, vincos do nariz, lábios, atrás das orelhas e tórax.

Tratamentos

O diagnóstico é feito clinicamente por um dermatologista que irá se basear na localização das lesões e no relato do paciente. Em alguns casos é necessária a realização de alguns exames clínicos, como o micológico, a biópsia e o teste de contato. O tratamento precoce das crises é importante e pode envolver as seguintes medidas: lavagens mais frequentes; interrupção do uso de sprays, pomadas e géis para o cabelo; o não uso de chapéus ou bonés; o uso de xampus que contenham ácido salicílico, alcatrão, selênio, enxofre, zinco e antifúngicos; o uso de cremes/pomadas também com antifúngicos e, eventualmente, com corticosteroide, dentre outros especificados pelo dermatologista.

Prevenção

Não existe uma forma de prevenir o desenvolvimento ou o reaparecimento da dermatite seborreica. Entretanto, cuidados especiais com a higiene e o uso de xampu adequado ao tipo de cabelo tornam o tratamento mais fácil. É necessário seguir o tratamento correto, o que irá depender da localização das lesões e da intensidade dos sintomas, bem como alterar alguns hábitos e eliminar os fatores reguladores, como má alimentação, tabagismo e consumo de bebida alcoólica. Além disso, alguns cuidados podem ajudar na melhora dos sintomas, como não tomar banhos muito quentes; enxugar-se bem antes de se vestir; usar roupas que não retenham o suor (tecidos sintéticos costumam ser contraindicados para quem tem tendência à dermatite seborreica); controlar o estresse físico e mental e a ansiedade; retirar completamente o xampu e o condicionador dos cabelos quando lavar a cabeça.

Fonte: https://www.sbd.org.br/dermatologia/cabelo/doencas-e-problemas/dermatite-seborreica/84/

O que é?
Impinge é o termo popular para descrever as infecções superficiais da pele causadas por fungos dermatófitos, que se alimentam da queratina da pele. São as micoses superficiais, também chamadas de tinha ou tinea. Podem ocorrer em qualquer local da pele como mãos, pés, corpo, face, virilha e couro cabeludo (este último mais comum em crianças). Desenvolvem-se em área de pele úmida, acometem mais facilmente pessoas com baixa imunidade e são transmitidos por contato de pessoa para pessoa.

Sintomas
No local acometido, a pele pode apresentar lesões avermelhadas, levemente descamativas e, às vezes, prurido (coceira). Também tende a formar lesões circinadas, em forma de anel, que vão expandindo do centro para a periferia. Quando acontece no couro cabeludo, pode ocasionar áreas de perda dos cabelos, como se tivessem sido cortados rente (tonsuras), com descamação local.

Tratamentos
Para lesões localizadas, são utilizados medicamentos tópicos à base de substâncias antifúngicas por alguns dias ou semanas, dependendo do local acometido. Em lesões mais extensas, e quando acomete o couro cabeludo e cabelos, há necessidade de antifúngicos orais isolados ou em associação com a medicação tópica.

Prevenção
Manter áreas da pele seca, principalmente as dobras (axilas, pescoço, virilha), pois os fungos se desenvolvem mais facilmente em áreas úmidas e quentes do corpo. Não compartilhar objetos de uso pessoal, como roupas intimas, escovas cabelos e toalhas; manter boas condições de higiene, nutricionais e de saúde.

Fonte: https://www.sbd.org.br/dermatologia/cabelo/doencas-e-problemas/tinea-impinge/90/

O que é?
É caracterizada pela intensa produção de oleosidade no couro cabeludo.

Sintomas
O couro cabeludo fica com aspecto mais brilhante, por causa da produção de sebo maior do que o normal.

Além da herança genética, contribuem para a oleosidade os fatores hormonais, o excesso de sol, o estresse e uma dieta rica em alimentos com alto teor de gordura.

Tratamento
Xampus: responsáveis por limpar os fios, retiram a oleosidade, o suor, a descamação das células do couro cabeludo, os resíduos de poluição e de outros produtos capilares. Além disso, também proporcionam brilho, maciez, retiram a eletricidade estática dos fios e facilitam o pentear. Os principais componentes do xampu são detergentes ou tensoativos, estabilizadores de espuma, condicionadores, conservantes, agentes corretivos, fragrâncias e corantes. Ativos complementares podem ser adicionados aos produtos para direcionar sua ação, seja controladores de oleosidade, hidratantes e substâncias anti-inflamatórias, entre outros.

Se um paciente tem o couro cabeludo oleoso e passa um período sem lavá-lo, a tendência é que ele fique ainda mais oleoso, com aspecto nada bonito. Isso pode até mesmo favorecer o surgimento da dermatite seborreica naqueles que já tenham essa tendência. Se uma pessoa com cabelos secos lavá-los mais do que deveria, a tendência é que fiquem ainda mais ressecados, com aquele efeito frizz(arrepiado). Além disso, é importante evitar o excesso de detergente que os xampus contêm.

Fonte: Adaptado de https://www.sbd.org.br/dermatologia/cabelo/cuidados/higiene-capilar/, https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/cuidados/tipos-de-pele/

 

O que é?

Doença parasitária causada por piolhos: seres sugadores de sangue que vivem e se reproduzem na superfície da pele e dos pelos. Pode ser confirmada pela presença de lêndeas ou piolhos no couro cabeludo. As lêndeas são mais comuns e fáceis de achar e representam os ovos dos piolhos – aqueles pontinhos brancos que ficam agarrados aos fios dos cabelos. Já o piolho é o parasita, correspondendo aos bichinhos pretos que ficam caminhando pelo couro cabeludo, porém são mais difíceis de serem detectados. Há também mais 2 tipos: a pediculose do corpo e a pediculose do púbis (“chato”). A transmissão da infestação se dá por meio de contato direto, destacando-se as situações de aglomeração infantil, como escolas e creches. A pediculose do corpo é adquirida pelo uso compartilhado de roupas. Já a pubiana pode ser adquirida por via sexual.

Sintomas

É mais comum de surgir em crianças, sobretudo as do sexo feminino e de cabelos longos. O principal sintoma é a coceira, que de tão intensa, pode provocar pequenos ferimentos na cabeça, atrás das orelhas e nuca. Ainda é possível visualizar o parasita e seus ovos (lêndeas) no couro cabeludo do paciente acometido. Na pediculose do corpo são encontradas escoriações, pápulas (“bolinhas”), pequenas manchas hemorrágicas e pigmentação, principalmente no tronco, na região glútea e abdome. Na pediculose pubiana (chamada de chato, pois o parasita responsável tem forma achatada) há prurido e são encontradas manchas violáceas, escoriações e crostas hemorrágicas na região. Pode ocorrer também infecção secundária em qualquer região. Na pediculose do couro cabeludo é comum o aparecimento de ínguas atrás das orelhas e nuca.

Tratamentos

No tratamento da pediculose são utilizados vários tratamentos:

1- Roupas e utensílios pessoais de pano usados nas últimas 48 horas devem ser lavados com água em temperatura acima de 50 graus Celsius e/ou secados em máquinas de secar roupas nas mais altas configurações de calor
2- Pediculicidas tópicos constituem o método mais efetivo, sendo a permetrina a mais usada
3- Pentear o cabelo molhado com pente fino
4- Medicação oral (ivermectina)

É fundamental o tratamento dos familiares ou comunicantes do doente. Raramente é necessário o corte de cabelos de crianças acometidas.

Prevenção

Para prevenir a pediculose, o ideal é evitar o compartilhamento de roupas, toalhas, acessórios de cabelo e outros objetos de uso pessoal, bem como evitar o contato direto cabeça com cabeça ou cabelo com cabelo de pacientes infestados. Limpeza exagerada e uso de inseticidas no ambiente domiciliar são desnecessários. Manter escovas de cabelos submersas em água por 10 minutos é uma medida suficiente para matar o piolho presente nos utensílios contaminados.

FONTE: https://www.sbd.org.br/dermatologia/cabelo/doencas-e-problemas/pediculose-piolho/16/

O que é?
Doença da pele relativamente comum, crônica e não contagiosa. É cíclica, ou seja, apresenta sintomas que desaparecem e reaparecem periodicamente. Sua causa é desconhecida, mas se sabe que pode estar relacionada ao sistema imunológico, às interações com o meio ambiente e à suscetibilidade genética. Acredita-se que ela se desenvolve quando os linfócitos T (células responsáveis pela defesa do organismo) liberam substâncias inflamatórias e formadoras de vasos. Iniciam-se, então, respostas imunológicas que incluem dilatação dos vasos sanguíneos da pele e infiltração da pele com células de defesa chamadas neutrófilos, como as células da pele estão sendo atacadas, sua produção também aumenta, levando a uma rapidez do seu ciclo evolutivo, com consequente grande produção de escamas devido à imaturidade das células. Esse ciclo faz com que ambas as células mortas não consigam ser eliminadas eficientemente, formando manchas espessas e escamosas na pele. Normalmente, essa cadeia só é quebrada com tratamento. É importante ressaltar: a doença não é contagiosa e o contato com pacientes não precisa ser evitado. É frequente a associação de psoríase e artrite psoriática, doenças cardiometabólicas, doenças gastrointestinais, diversos tipos de cânceres e distúrbios do humor. A patogênese das comorbidades em pacientes com psoríase permanece desconhecida. Entretanto, há hipóteses de que vias inflamatórias comuns, mediadores celulares e susceptibilidade genética estão implicados.

Sintomas
Variam de paciente para paciente, conforme o tipo da doença, mas podem incluir:

Manchas vermelhas com escamas secas esbranquiçadas ou prateadas;
Pequenas manchas brancas ou escuras residuais pós lesões;
Pele ressecada e rachada; às vezes, com sangramento;
Coceira, queimação e dor;
Unhas grossas, sulcadas, descoladas e com depressões puntiformes;
Inchaço e rigidez nas articulações.
Em casos de psoríase moderada pode haver apenas um desconforto por causa dos sintomas; mas, nos casos mais graves, pode ser dolorosa e provocar alterações que impactam significativamente na qualidade de vida e na autoestima do paciente. Assim, o ideal é procurar tratamento o quanto antes.
Além disso, alguns fatores podem aumentar as chances de uma pessoa adquirir a doença ou piorar o quadro clínico já existente, dentre eles:

Histórico familiar – entre 30% e 40% dos pacientes de psoríase têm histórico familiar da doença.
Estresse – pessoas com altos níveis de estresse possuem sistema imunológico debilitado.
Obesidade – excesso de peso pode aumentar o risco de desenvolver um tipo de psoríase, a invertida, mais comum em indivíduos negros e HIV positivos.
Tempo frio – pois a pele fica mais ressecada; a psoríase tende a melhorar com a exposição solar.
Consumo de bebidas alcoólicas.
Tabagismo: o cigarro não só aumenta as chances de desenvolver a doença, como também a gravidade da mesma quando se manifesta.
Há vários tipos de psoríase, e o dermatologista poderá identificar a doença, classificá-la e indicar a melhor opção terapêutica. Dependendo do tipo de psoríase e do estado do paciente, os ciclos de psoríase duram de algumas semanas a meses.

Tipos de psoríases
–Psoríase em placas ou vulgar: manifestação mais comum da doença. Forma placas secas, avermelhadas com escamas prateadas ou esbranquiçadas. Essas placas coçam e, algumas vezes, doem, podendo atingir todas as partes do corpo, inclusive genitais. Em casos graves, a pele em torno das articulações pode rachar e sangrar.

–Psoríase ungueal: afeta as unhas das mãos e dos pés. Faz com que a unha cresça de forma anormal, engrosse, escame, mude de cor e até se deforme. Em alguns casos, a unha chega a descolar do leito ungueal.

–Psoríase do couro cabeludo: surgem áreas avermelhadas com escamas espessas branco-prateadas, principalmente após coçar. O paciente pode perceber os flocos de pele morta em seus cabelos ou em seus ombros, especialmente depois de coçar o couro cabeludo. Assemelha-se à caspa.

–Psoríase gutata: geralmente é desencadeada por infecções bacterianas, como as de garganta. É caracterizada por pequenas feridas, em forma de gota no tronco, nos braços, nas pernas e no couro cabeludo. As feridas são cobertas por uma fina escama, diferente das placas típicas da psoríase que são grossas. Este tipo acomete mais crianças e jovens antes dos 30 anos.

–Psoríase invertida: atinge principalmente áreas úmidas, como axilas, virilhas, embaixo dos seios e ao redor dos genitais. São manchas inflamadas e vermelhas. O quadro pode agravar em pessoas obesas ou quando há sudorese excessiva e atrito na região.

Psoríase pustulosa: nesta forma de psoríase, podem ocorrer manchas, bolhas ou pústulas (pequena bolha que parece conter pus) em todas as partes do corpo ou em áreas menores, como mãos, pés ou dedos (chamada de psoríase palmoplantar). Geralmente, se desenvolve rápido, com bolhas de pus que aparecem poucas horas depois de a pele tornar-se vermelha. As bolhas secam dentro de um dia ou dois, mas podem reaparecer durante dias ou semanas. A psoríase pustulosa generalizada pode causar febre, calafrios, coceira intensa e fadiga.

–Psoríase eritodérmica: é o tipo menos comum. Acomete todo o corpo com manchas vermelhas que podem coçar ou arder intensamente, levando a manifestações sistêmicas. Ela pode ser desencadeada por queimaduras graves, tratamentos intempestivos (como uso ou retirada abrupta de corticosteróides), infecções ou por outro tipo de psoríase mal-controlada.

–Psoríase artropática: além da inflamação na pele e da descamação, a artrite psoriática, como também é conhecida, causa fortes dores nas articulações. Afeta mais comumente as articulações dos dedos dos pés e mãos, coluna e juntas dos quadris e pode causar rigidez progressiva e até deformidades permanentes. Também pode estar associada a qualquer forma clínica da psoríase.

Tratamentos
Cada tipo e gravidade de psoríase podem responder melhor a um tipo diferente de tratamento (ou a uma combinação de terapias). O que funciona bem para uma pessoa não necessariamente funcionará para outra, dessa forma, o tratamento da psoríase é individualizado.

Hoje, com as diversas opções terapêuticas disponíveis, já é possível viver com uma pele sem ou quase sem lesões, independentemente da gravidade da psoríase.

O tratamento é essencial para manter uma qualidade de vida satisfatória. Nos casos leves, hidratar a pele, aplicar medicamentos tópicos apenas na região das lesões e exposição diária ao sol, nos horários e tempo adequados e seguros, são suficientes para melhorar o quadro clínico e promover o desaparecimento dos sintomas.

Nos casos moderados, quando apenas as medidas acima não melhorarem os sintomas, o tratamento com exposição à luz ultravioleta A (PUVA) ou ultravioleta B (banda estreita) em cabines faz-se necessário. Essa modalidade terapêutica utiliza combinação de medicamentos que aumentam a sensibilidade da pele à luz, os psoralenos (P), com a luz ultravioleta A (UVA), geralmente em uma câmara emissora da luz. A sessão da Puvaterapia demora poucos minutos e a dose de UVA é aumentada gradualmente, dependendo do tipo de pele e da resposta individual de cada paciente à terapia. O tratamento também pode ser feito com UVB de banda estreita, com menores efeitos adversos, podendo, inclusive, ser indicado para gestantes. Já em casos graves, é necessário iniciar tratamentos com medicação via oral ou injetável.

Tipos de tratamento mais comuns:
Tratamento tópico: medicamentos em cremes e pomadas, aplicados diretamente na pele. Podem ser usados em conjunto com outras terapias ou isoladamente, em casos de psoríase leve.
Tratamentos sistêmicos: medicamentos em comprimidos ou injeções, geralmente indicados para pacientes com psoríase de moderada a grave e/ou com artrite psoriásica.
Tratamentos biológicos: medicamentos injetáveis, indicados para o tratamento de pacientes com psoríase moderada a grave. Existem diversas classes de tratamentos biológicos para psoríase já aprovadas no Brasil: os chamados anti-TNFs (como adalimumabe, etanercepte e infliximabe), anti-interleucina 12 e 23 (ustequinumabe) ou anti-interleucina 17 (secuquinumabe).
Fototerapia: consiste na exposição da pele à luz ultravioleta de forma consistente e com supervisão médica. O tratamento precisa ser feito por profissionais especializados.
A psoríase pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e na autoestima do paciente, o que pode piorar o quadro. Assim, o acompanhamento psicológico é indicado em alguns casos. Outros fatores que impulsionam a melhora e até o desaparecimento dos sintomas são uma alimentação balanceada e a prática de atividade física. O paciente nunca deve interromper o tratamento prescrito sem autorização do médico. Esta atitude pode piorar a psoríase e agravar a situação.

Prevenção
Um estilo de vida saudável pode ajudar na diminuição da progressão ou melhora da psoríase, mas pessoas que possuem histórico familiar da doença devem ter atenção redobrada a possíveis sintomas. É importante estar atento aos sinais. Caso perceber qualquer um dos sintomas, procurar o dermatologista imediatamente. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais fácil será o tratamento.

Fonte: https://www.sbd.org.br/dermatologia/cabelo/doencas-e-problemas/psoriase/89/